Somente na concordância entre a convicção e o dever, cada sacrifício ganha realmente valor. Mas se a criatura humana empenha a sua vida no cumprimento de um dever, sem convicção, rebaixa-se então a um soldado venal, que luta a serviço de outrem por causa de dinheiro, semelhante aos mercenários.
Dessa forma, tal maneira de lutar se torna assassínio! Se alguém, porém, empenha sua vida por convicção, então possui mesmo amor à causa pela qual resolveu lutar voluntariamente.
E somente isso tem para ele alto valor! Tem de fazê-lo por amor. Por amor à causa! Dessa forma também o dever que ele assim cumpre se tornará vivo e erguido tão alto, a ponto de colocar o seu cumprimento acima de tudo.
Separa-se assim automaticamente o morto e rígido cumprimento do dever, do vivo. E só o que é vivo tem valor e efeito espiritual. Tudo o mais pode servir apenas a finalidades terrenas e do raciocínio, proporcionando vantagens às mesmas, e isso também não permanentemente, mas somente de modo passageiro, uma vez que unicamente o que é vivo consegue existência permanente.
Assim o cumprimento do dever, proveniente da convicção, torna-se legítima fidelidade pela própria vontade, e natural para quem o exerce. Não pretende e nem pode agir de modo diferente, não pode aí tropeçar e nem cair, pois a fidelidade lhe é legítima, está intimamente ligada a ele, sim, é até uma parte dele, a qual não é capaz de colocar de lado.
Obediência cega, cumprimento cego do dever é, por isso, de tão pouco valor como crença cega! A ambas falta a vida, porque nelas falta o amor!
Só nisso o ser humano reconhece logo a diferença entre a legítima consciência do dever e o senso do dever simplesmente cultivado. Um brota da intuição, o outro é compreendido somente pelo raciocínio. Amor e dever nunca podem estar em oposição, pois são uma só coisa, onde sejam intuídos de maneira legítima, florescendo deles a fidelidade.
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